quinta-feira, novembro 18, 2010

FUTEBOL NO ESTÁDIO OU NO TELEFONE?

O contexto sócio-económico português não escapa ao meio europeu em que se insere. O planeta está à distância de microsegundos num terminal de computador, num ipad, num smartphone e noutros aparelhos similares.

A sociedade vive de conteúdos, de informação. A busca pode ser diminuta porque o desafio é fazer chegar aos consumidores sem que eles procurem. Por isso Obama rompeu com todas as regras e centrou a sua campanha nas redes sociais, por isso Cavaco Silva acaba de anunciar que não vai usar os tradicionais outdoors e os vai substituir por plataformas como o facebook, o twitter, o flickr e similares.
Não falamos de futuro, falamos de presente que será passado em muito menos tempo do que esperamos. Diz-se que o novíssimo ipad da Apple não terá um tempo de vida como topo dos produtos do género superior a três anos. Em 2012, o ipad será um instrumento ultrapassado. Assustador, não é?

Talvez não, porque a nossa indústria, o futebol profissional, não existe para criar tecnologia, antes deve saber valorizar, com inteligência, a crescente necessidade de conteúdos que a tecnologia continuará a impor.
Há não muito tempo, esperávamos ansiosamente pelo Domingo Desportivo para poder espreitar aquela jogada, aquela defesa, aquele golo do nosso clube. Na década de 90 a Sport TV chegou com uma mensagem: pelo preço de um bilhete para um jogo de futebol ao vivo, podemos ver quase todos, no sofá de casa.

Os estádios perderam pessoas, é verdade, mas o mercado global e o seu valor cresceu a um ritmo exponencial. Foi a chegada de uma nova plataforma, baseada num conceito básico de utilizador-pagador, não de um jogo apenas num recurso usado noutros mercados, mas antes num processo bem conseguido de promoção global da indústria, com a transmissão de jogos que, na inexistência de tal plataforma, jamais seriam transmitidos em televisão. Mas esse passo, bem consolidado, tem sucessores. Em 2013, o principal ponto de acesso à internet será o telefone e não o computador. Os golos, as defesas, as melhores jogadas, já não estão apenas nos canais televisivos. Estão na minha mão ou na de qualquer outro utilizador. O mercado dá um novo salto.

Se, na década de 90, passámos de 150 mil nos estádios todas as semanas, para mais de 500 mil com acesso à transmissão de jogos (mais barato e com mais oferta), agora avançamos para um potencial superior a dez vezes esse valor. Conseguimos ter no telefone, no ipad e similares, os golos e as jogadas por valores inferiores e no nosso computador fazemos streaming dos jogos em qualquer ponto do planeta, a custos quase simbólicos.

É assim o mercado. O negócio multiplica-se e o consumidor paga menos. Temos, por isso, pela frente, no imediato, dois grandes desafios na indústria do futebol profissional:
1. Estancar a perda de espectadores nos estádios, dificultada pelo menor rendimento disponível na generalidade das famílias;
2. Saber encontrar mecanismos de equilíbrio no acesso a verbas que resultam das transmissões televisivas e que hoje, como se vê, são bem mais que transmissões televisivas.

Se o que desejamos é competitividade, transparência, exigência e ambição, estes dois assuntos vão ter de ocupar os próximos meses da nossa acção.

Fernando Gomes
Presidente da Liga Portugal

Fonte: LPFP

4 comentários:

jcnaguiar disse...

O grande problema a meu ver é a falta de bairrismo e a mentalidade que foi instruida em portugal que é so se pode ser dos 3 grandes clubes de portugal, foi esse o maior factor que fez os clubes perderem pessoas no estádio! vejamos nos anos 90 também haviam transmissões televisivas e nao é por isso que por exemplo o estádio do s luis ( farense ) nao tivesse sempre xeio, a diferença é que deixou de haver alma e amor pelo clube da terra!

Anónimo disse...

Não posso concordar mais com o comentário acima

Ruben disse...

é verdade a falta de bairrismo e interesse em geral, mas as transmissões que existiam na década de 90 eram no máximo um jogo por jornada, e não havia tantos jogos e às horas que há hoje.
havia mais facilidade em planear a ida à bola. as equipas pequenas então, jogavam quase sempre no mesmo dia à mesma hora. era quase como ir à missa.

Anónimo disse...

sim, tenho saudades de um bom jogo de futebol ao domingo a tarde!! isto de começar jornadas a sexta e acabar a segunda é do pior, os preços são altos mas isso até compreendo dado que organizar um jogo em casa é deveras dispendioso! é nestas coisas que a federação devia de facilitar, mas a fome de € para aqueles lados é tanta q os clubes chamados "pequenos" andam na miséria. baixem os bilhetes, façam promoções de socios do tipo um socio pode levar um acompanhante a ver o jogo, movimentem-se na cidade de modo a trazer vida a cidade e ao clube!