CRÓNICA DE JOGO ("O JOGO" ONLINE)

Quando Domingos trocou Mossoró por Hélder Barbosa aos 37' - o que levou o jogador brasileiro, visivelmente agastado, a dirigir-se ao treinador em modos menos próprios - poucos pensariam que o jovem português iria ser figura determinante na primeira vitória fora do Braga na época em curso. Um golo, no início da segunda parte, mais a colaboração no terceiro e toda uma movimentação que ajudou a cavar a diferença entre as duas equipas, fizeram mesmo de Hélder Barbosa a figura de proa da partida, justificando por completo a substituição operada pelo treinador.

Razão de Domingos, por conseguinte, nesta completa mudança de atitude da equipa, depois de uns iniciais 45' que foram de uma pobreza confrangedora. Só a reacção de Mossoró (de dedo em riste para o treinador quando se dirigiu para o duche…) e depois a de Pedro Silva II, igualmente espantado com a decisão de Azenha em o substituir a escassos segundos do intervalo, levaram a que os jornalistas puxassem do bloco-notas para sublinhar os episódios.

De futebol, portanto, quase nada. Os minhotos surgiram com Elderson e Custódio nas vagas dos castigados Sílvio e Vandinho, e sem Moisés mas de novo com Rodriguez no eixo da defesa. Do lado algarvio, Rúben Fernandes alinhou ao lado de André Pinto e Nilson voltou à titularidade, na esquerda, face às ausências de Di Fábio e João Paulo. As duas equipas apresentaram sistemas muito idênticos (duplo pivô defensivo e um elemento nas costas do ponta-de-lança) e não arriscaram, muito embora o Braga dispusesse de mais posse de bola.

Os dois primeiros golos, de rajada, modificaram por completo o cariz da contenda. Os arsenalistas encheram o peito e controlaram as operações, sempre muito mais perto de novo golo que o adversário, que não teve capacidade, técnica ou anímica, para contrariar o rumo dos acontecimentos. Carlos Azenha ainda tirou Aragoney e Ivanildo da cartola, prescindindo de um lateral (Nilson) e passando a actuar com três defesas, mas sem efeito, até porque Alan e companhia começaram a preferir aquele corredor para mais vincar uma superioridade que, diga-se em abono da verdade, era então incontestável.

Foi, aliás, um Portimonense cada vez mais descrente aquele que disputou grande fatia dos segundos 45 minutos. A equipa perde organização, não assimila as substituições e parece ficar confusa, tudo isto com naturais reflexos a nível da ligação sectorial, traduzidos, de resto, nos sete golos sofridos nos derradeiros dois jogos e nas cinco derrotas verificadas nos últimos seis encontros. Se o de ontem marcar, de facto, a despedida do Estádio Algarve, pode ser que o almejado regresso ao Municipal seja portador de bons ventos. Já do lado bracarense, navega-se à bolina: este triunfo não esconde a enorme quebra de rendimento verificada de há algum tempo a esta parte.

Fonte: O Jogo Online