quinta-feira, janeiro 27, 2011

DUÍLIO: "O PORTIMONENSE FICOU MARCADO NO MEU CORAÇÃO"

Nascido a 13 de Março de 1957, Duílio foi um dos defesas centrais mais marcantes na história recente do Portimonense. De lamentar apenas a chegada em final de carreira que, ainda assim, não deixou de acrescentar qualidade e experiência aos alvinegros entre 1992 e 1995. Sim, já passaram cerca de 16 anos desde que pisou os relvados pela última vez. Onde? Em Portimão.

Portimonense 1914: Duílio é filho de um futebolista histórico do Coritiba. Apresente-nos o seu pai.

Duílio:
Meu pai foi um dos maiores artilheiros de futebol do Paraná (202 golos - 58º de sempre no Brasil), começou jogando pelo Operario de Ponta Grossa, depois se transferiu para Curitiba, aonde foi jogar pelo Coritiba F.C. onde pelo seu potente chute foi chamado de canhão do Alto da Glória, bairro onde fica o estádio do Coritiba, depois foi jogar na equipe do extinto clube chamado Água Verde, aonde encerrou a carreira de jogador.

P1914: Como é que o filho de um avançado consagrado se torna defesa? Foi sua opção?

D:
Sim, foi minha opção, fui fazer um teste na equipe na época chamada Dente de Leite do Coritiba e me perguntaram se sabia defender, comecei ali a jogar de zagueiro central.

P1914: O futebol na altura em que jogava era mais duro? Para "homens de barba rija"?

D:
Era mais leal, tinha menos marketing em cima dos atletas, mas não éramos santinhos não, havia mais classe e menos correria, havia mais respeito dentro de campo entre os jogadores.

P1914: A sua carreira de futebolista profissional poderia ser dividida em duas fases: o percurso sempre ascendente no Brasil e a vinda para Portugal. Comecemos pelo Brasil: que clubes representou e que títulos conquistou?

D:
No Brasil joguei pelo Coritiba F.C. onde fui hexa-campeão,depois Bi-campeão paranaense - Portuguesa de Desportos, Campeão do Torneio de Verão em São Paulo, América F.C. Campeão dos Campeões, e Fluminense F.C. onde fui bi-campeão carioca, Campeão da Taça Guanabara e Campeão Brasileiro.

P1914: No Fluminense partilhou o eixo da defesa com Ricardo Gomes que posteriormente rumou ao Benfica. Era uma defesa de “betão”…!!!

D:
Sim era uma dupla de zagueiros muito difícil de ser ultrapassada...

P1914: Ao contrário do Ricardo Gomes, o Duílio não teve sucesso na selecção brasileira. O que faltou?

D:
Eu fui convocado para a Seleção em 1979 aonde joguei dois amistosos, quando jogava pelo Coritiba F.C. depois a política da boa vizinhança fez que eu não fosse convocado, Política e futebol não deviam se misturar.

P1914: Como se dá a mudança para Portugal, para o Sporting? Quem foram as pessoas responsáveis pela contratação?

D:
Houve o interesse do Sporting, e o empresário Joaquim Oliveira veio e foi feita a transação e assim fui comprado pelo Sporting ao Fluminense.

P1914: O que recorda dos 3 anos com a camisola do Sporting? Dizia-se que havia qualidade na equipa mas os títulos demoravam a aparecer…

D:
Tinha sim, muita qualidade, mas faltava algo para que os títulos surgissem e ganhamos apenas uma Taça Candido de Oliveira, até hoje me pergunto o que ficou faltando...

P1914: Curiosamente é no “vizinho” Estrela da Amadora que ergue uma Taça de Portugal, em 1990.

D:
Sim, uma grande equipe de um clube que pelas noticias que temos vai desaparecer, mas o Mister João Alves montou um grande time de futebol com o Barny, Paulo Bento, Ricky, Abel Xavier, Basaúla, entre outros.

P1914: O Estrela da Amadora só ganhou na Finalíssima. E derrotou uma equipa Algarvia que jogava na 2ª divisão: o Farense. Foi uma final difícil?

D:
Foi sim, no primeiro jogo menosprezamos a equipe algarvia e quase perdemos, mas no segundo jogo mais humildes conseguimos ganhar, o Farense apesar de jogar na 2ª divisão tinha uma grande equipe e deu-nos muito trabalho.

P1914: O Duílio esteve em Portimão entre 1992 e 1995. Que recordações tem das pessoas com quem jogou?

D:
Boas recordações, desde o Mister Amílcar, o guarda-redes Mendes, o Skoda e muitos outros, o Torres o bom gigante que foi nosso treinador, o Presidente Manoel João e tantas outras pessoas que marcaram essa trajetória nessas épocas.

P1914: Quais as diferenças nos métodos e condições de treinos de um grande como o Sporting e o Portimonense, na altura?

D:
O Portimonense sempre foi grande, as diferenças ficam pelas pessoas que passam e fazem historia no clube, pelo melhor e pelo pior.

P1914: O que destacaria pela positiva da cidade? E pela negativa?

D:
Portimão só me traz boas recordações, as pessoas e os amigos que deixei me trazem saudades.

P1914: Qual foi o melhor momento que viveu com a camisola do nosso Portimonense? E o Pior?

D:
Quando subimos para a Honra e depois quando descemos, doeu.

P1914: Recordo-me de o ver a jogar como “trinco” (à frente da defesa). Como surgiu esta adaptação?

D:
O Torres conversou comigo e pediu para que eu fizesse essa função e eu colaborei com ele. Correu bem, não? Assim até fiquei mais perto da baliza para aplicar o remate de fora da área.

P1914: O facto de ter sido no Portimonense que encerrou a sua carreira profissional, torna este clube marcante e especial para si?

D:
Muito, o Portimonense ficou marcado no meu coração.

P1914: Gostaria de representar o Portimonense novamente, naturalmente noutras funções?

D:
Com certeza, hoje seguimos a carreira de treinador e ficaria feliz se um dia recebesse um convite para voltar a Portimão.

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