Artigo de Opinião - Será possível manter os nossos melhores elementos?

Finalizada mais uma época desportiva, a qual superou as expetativas face ao arranque tardio (pelo segundo ano consecutivo), é com uma imensa mágoa que vejo partirem três elementos muito jovens formados no nosso clube: o internacional sub-20 Vítor Gonçalves, o ganês Alhassan Wakaso e o nigeriano Simy. Para além dos valores a receber pelos direitos de formação, por estarem em final de contrato, o Portimonense mais nada poderá reclamar.

Sabemos que nenhum clube pode manter um jogador eternamente, mas custa-me mais uma vez assistir à debandada dos nossos melhores elementos sem termos direito a receber uma verba equivalente ao seu real valor. Teria sido importante entrar em negociações com estes três jogadores há já bastante tempo, por exemplo propondo uma melhoria dos seus contratos, de forma a ter sido possível renovarem os seus contratos com o Portimonense. Qualquer um deles tem para além do seu valor (sobretudo Vítor Gonçalves) uma ainda muito grande margem de progressão que poderá a médio prazo catapultá-los para as seleções principais dos seus países.

Também se sabe que a realidade do Portimonense não é fácil e Fernando Rocha afirma muitas vezes que é necessário ter os pés muito bem assentes no chão. Ainda assim, em termos de gestão, penso que o esforço financeiro a ser realizado para assegurar a manutenção destes três elementos, com vários anos de Portimonense (Vítor e Wakaso, cinco anos e Simy, três), teria sido tudo menos uma aposta de risco, por um lado, se ficassem, por constituirem um núcleo forte para o ataque à subida de divisão, por outro, se tivessem saído, que o Portimonense tivesse lucrado com essa situação.

Apesar de tudo, podemos dizer que o Portimonense nos últimos anos até tem formado elementos de valor, o grande problema é não ter sabido ou ter conseguido tirar um maior proveito das suas capacidades, que implicaria sempre, na minha opinião, um bom encaixe financeiro. Pelo que me apercebo, o problema não é única e exclusivamente o não existir a possibilidade financeira de tomar medidas que levem ao prolongamento dos contratos e até à aposta em realizar mais contratos de formação (veja-se o caso do Pedro Delgado, que já há muito tempo se sabe das suas capacidades, para além do facto de ter sido chamado às seleções jovens, que parte para Italia sem que o Portimonense tenha um centavo a receber) mas também por não parecer existir um adequado e atempado planeamento. Acabamos por contratar ao longo destas últimas épocas muitos atletas, alguns de baixa qualidade, que apenas servem para encher os bolsos dos seus empresários.

Esse dinheiro poderia ter sido melhor utilizado, se com uma adequada gestão tivéssemos assegurado os nossos melhores elementos, sobretudo aqueles que foram formados em Portimão e dos quais já são conhecidas há muito as suas qualidades desportivas, mas também extra-desportivas.

Não queria terminar sem deixar um apontamento sobre um jogador que deixou o Portimonense ainda muito jovem, com apenas 16 anos, rumo ao Sporting de Braga, por indicação do Prof. Luís Martins (na altura responsável pela formação do clube do minho), de seu nome André Salvador, um médio com um enorme potencial. Hoje, com 19 anos concluiu a sua primeira época enquanto sénior ao serviço do Merelinense da 3ª Divisão, alinhando em 18 jogos (17 como titular) e tendo marcado 7 golos.

O seu regresso seria com certeza uma mais valia e mais uma vez a prova que o Portimonense sabe formar jogadores de muita qualidade, apenas tem que aprender a pelo menos tentar saber mantê-los ou rentabilizá-los da melhor forma possível.