Estou ciente de que este assunto pouco ou nada tem a ver com o Portimonense, porém, reflecte uma realidade que, quer queiramos quer não, partilhamos.
A claque maritimista fundada em 1995, os Ultras Templários, cessaram ontem as suas actividades de apoio ao Marítimo, segundo o comunicado disponível no seu blog oficial. De entre as razões que levaram a este acontecimento, podemos ler:
"A razão principal é evidente, a falta de amor das novas gerações pelo CSM e o nosso falhanço como grupo agregador de verdadeiros Maritimistas. O bi-clubismo é uma chaga que fere cada vez mais o nosso Club e em que nós enquanto grupo pactuamos e desde sempre foi enraizado. (...) Até os mais optimistas são unânimes em reconhecer que o afastamento das gentes, em particular a juventude do CSM em prol dos três clubes com mais história no continente é um sério risco à sobrevivência do nosso quase centenário Club. Mais grave ainda é quando o grande coveiro do nosso Club, o presidente, dá sinais de bajulamento chegando ao cúmulo de afirmar que é normal que nos jogos com essas ditas equipas sejamos minoria no Caldeirão."
As palavras que aqui foram transcritas são suficientes para darem a entender onde quero chegar com isto. Este acontecimento é a prova de que o bi-clubismo, que além de dividir gentes de um país continental, divide gentes das ilhas (num acto que se julgava impensável, face á suposta união que os arquipélagos acarretam), pode ditar o fim de muitas claques de apoio organizado, bem como afastar (mais ainda) pessoas dos estádios locais, que preferirão pagar mais por bilhetes e deslocações em vez de vibrarem exclusivamente com o clube da sua terra, que assimila a sua identidade e cultura.
O bi-clubismo não é, contudo, perigoso se sentido de forma racional e ponderada. Há, no entanto, dados que nos levam a reparar que esta "enfermidade" já condicionou negativamente e irremediavelmente um indivíduo: quando este abandona o estádio local mais cedo, mesmo com o seu clube a ganhar, para ir para casa ou para um café ver o início ou o fim duma partida com um dos três "estarolas"; quando este leva para o estádio local uma camisola ou outro objecto referente a outro clube, numa enorme falta de respeito para com o clube que diz ser "seu"; quando este, em horários coincidentes, prefere ficar em casa a assistir a um jogo doutro clube, ou mesmo deslocar-se a um estádio mais longínquo tendo o "seu" clube um jogo em casa; entre muitos outros factores...
De que poderão queixar-se estes "adeptos"? De o seu clube da terra não ser suficientemente grande? Se se queixam disso, eu returco: com adeptos assim, jamais chegará a ser metade dum grande, ou até mesmo clubes com fortes massas associativas como o Vitória de Guimarães, Sporting de Braga, Belenenses, Leixões, entre outros... Depende, portanto, de cada um de nós, desenvolver um maior clubismo e afeição àquele que é verdadeiramente o nosso clube, o clube da nossa terra, que nos viu crescer e que nos representa sempre que entra em campo.
A claque maritimista fundada em 1995, os Ultras Templários, cessaram ontem as suas actividades de apoio ao Marítimo, segundo o comunicado disponível no seu blog oficial. De entre as razões que levaram a este acontecimento, podemos ler:
"A razão principal é evidente, a falta de amor das novas gerações pelo CSM e o nosso falhanço como grupo agregador de verdadeiros Maritimistas. O bi-clubismo é uma chaga que fere cada vez mais o nosso Club e em que nós enquanto grupo pactuamos e desde sempre foi enraizado. (...) Até os mais optimistas são unânimes em reconhecer que o afastamento das gentes, em particular a juventude do CSM em prol dos três clubes com mais história no continente é um sério risco à sobrevivência do nosso quase centenário Club. Mais grave ainda é quando o grande coveiro do nosso Club, o presidente, dá sinais de bajulamento chegando ao cúmulo de afirmar que é normal que nos jogos com essas ditas equipas sejamos minoria no Caldeirão."
As palavras que aqui foram transcritas são suficientes para darem a entender onde quero chegar com isto. Este acontecimento é a prova de que o bi-clubismo, que além de dividir gentes de um país continental, divide gentes das ilhas (num acto que se julgava impensável, face á suposta união que os arquipélagos acarretam), pode ditar o fim de muitas claques de apoio organizado, bem como afastar (mais ainda) pessoas dos estádios locais, que preferirão pagar mais por bilhetes e deslocações em vez de vibrarem exclusivamente com o clube da sua terra, que assimila a sua identidade e cultura.
O bi-clubismo não é, contudo, perigoso se sentido de forma racional e ponderada. Há, no entanto, dados que nos levam a reparar que esta "enfermidade" já condicionou negativamente e irremediavelmente um indivíduo: quando este abandona o estádio local mais cedo, mesmo com o seu clube a ganhar, para ir para casa ou para um café ver o início ou o fim duma partida com um dos três "estarolas"; quando este leva para o estádio local uma camisola ou outro objecto referente a outro clube, numa enorme falta de respeito para com o clube que diz ser "seu"; quando este, em horários coincidentes, prefere ficar em casa a assistir a um jogo doutro clube, ou mesmo deslocar-se a um estádio mais longínquo tendo o "seu" clube um jogo em casa; entre muitos outros factores...
De que poderão queixar-se estes "adeptos"? De o seu clube da terra não ser suficientemente grande? Se se queixam disso, eu returco: com adeptos assim, jamais chegará a ser metade dum grande, ou até mesmo clubes com fortes massas associativas como o Vitória de Guimarães, Sporting de Braga, Belenenses, Leixões, entre outros... Depende, portanto, de cada um de nós, desenvolver um maior clubismo e afeição àquele que é verdadeiramente o nosso clube, o clube da nossa terra, que nos viu crescer e que nos representa sempre que entra em campo.
8 comentários:
Tem tudo a ver com o Portimonense, Dário!
Uma coisa que aprendi é que nenhum clube grande permite esta proximidade entre pessoas, de adeptos a jogadores, passando por todo o elenco. É uma experiência que nos faz sentir parte do clube. É como se 0,0001% de cada vitória também nos pertencesse.
...e 0,0001% de cada derrota também.
Embora farense, 100% de alma e coração, sempre e há + de 50 anos, venho felicitar o autor deste post pelo que acaba de escrever.
Infelizmente é uma realidade do dia a dia, isto de os ditos grandes congregarem adeptos de todo o lado.
Se tivesse nascido e morado em Portimão, certamente seria do Portimonense.
Como nasci e vivi metade da minha vida em Faro, sou do Farense e só.
Assim devia ser com toda a gente.
O bi-clubismo é mesmo a grande chaga do futebol.
Obrigado, Fernando, por tão amistosas palavras. Enquanto algarvio que sou, desejo sucesso ao Farense nesta fase complicada que atravessa. Este é o ano do centenário, e por isso o SCF exige-nos todo o respeito.
Seja sempre bem-vindo a este espaço.
Grande grande post!!
Envio desde já os mais sinceros parabens pelo post, eu não poderia estar mais de acordo. Sou 100% freamundense e anti- 3 grandes. enoja-me ver pessoas das mais variadas terras a apoiarem os clubes de cidades que não lhes dizem nada contra o clube da terra que os viu nascer...e o que mais me choca, é ver que isto acontece muito, mas muito mais em Portugal, do que noutro qualquer país.
Se não se importarem, vou colocar este post, também no Blog "Freamunde Allez"
Saudações freamundenses!
Dário, fico imensamente satisfeito por ler posts de um "miúdo" que nem parece ter nascido nos anos 80 e ser desta "onda" de juventude que infelizmente vejo diariamente. Não só te felicito pelo excelente artigo de opinião sobre o bi-clubismo, como aprecio a maneira de pensares, e amares o teu/nosso clube, revela por si só o grande HOMEM que julgo virás a ser, pois o que escreves revela a maturidade que muitos que se julgam homens feitos não têm, para já não falar de uma personalidade que infelizmente não está nem nunca irá estar enraizada nos adeptos de uma forma geral por todo o nosso PORTUGAL. Aquele abraço, continua no bom caminho
Freamunde allez:
Obrigado por tudo, és sempre bem-vindo neste espaço.
Sucesso e saudações!
Eduardo Geraldo:
Obrigado pelos elogios. Acrescento só que já sou quase do final da geração de 80 pois nasci em 89. Espero que se sinta sempre em casa neste seu/nosso espaço.
Os melhores cumprimentos!
Freamunde allez, podes colocar o artigo à vontade.
Estamos sempre á disposição. ;)
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