Artigo de Opinião - Um Estádio que nos saiu bem Carito...

Na semana passada ficámos a saber que Luís Carito, vice-presidente da Câmara Municipal de Portimão, ex-sócio de Fernando Rocha, presidente do Portimonense e que foi membro do conselho de administração da Portimão Urbis, empresa municipal que gastou 2,46 milhões a modernizar o Estádio Municipal de Portimão, foi detido pela PJ. Esta e o DCIAP suspeitam de corrupção, branqueamento, administração danosa e participação económica em negócio. A PJ acredita que uma teia de influências e favores fez sair milhões de euros da Portimão Urbis. Segundo o Ministério Público, Luís Carito e os restantes arguidos agiram no desrespeito da lei, com a finalidade de sacar dinheiro à empresa municipal Portimão Urbis através de contratos fictícios.

A Portimão Urbis começou a investir no projecto de requalificação do Estádio do Portimonense em Agosto de 2010, através de um contrato de 748 mil euros com a Bemposta (Investimentos Turísticos do Algarve). E no espaço de um ano e meio gastou mais 1,7 milhões repartidos em mais 21 ajustes directos. As empresas contempladas eram de várias partes do país e receberam valores que chegaram aos 280 mil euros. Desde a prestação de serviços de instalação eléctrica a demolição de bancadas, passando por compra de mobiliário e vigilância, a Urbis chegou mesmo a contratar uma empresa para fazer sondagens sobre o estádio por quase 9 mil euros (Jornal I).

Também já se sabe que Manuel da Luz, presidente da Câmara Municipal de Portimão, através de uma declaração pública, reagiu à detenção do vice-presidente Luís Carito tendo anunciado a reorganização de pelouros e a realização de uma auditoria à empresa municipal Portimão Urbis. Esta declaração aos jornalistas não teve direito a perguntas. O líder do município assegurou que “não houve um cêntimo que tivesse sido transferido da Câmara Municipal para a Portimão Urbis sem que houvesse um suporte legal e documental”. Alguns pormenores do caso ficaram por esclarecer, uma vez que o processo se encontra em segredo de justiça.

Em Maio de 2010 o Portimonense tinha acabado de garantir a subida ao principal escalão do futebol nacional, mas a alegria de todos os portimonenses foi rapidamente substituída por um sentimento de mágoa já que o clube acabou por ser altamente prejudicado, disputando mais de metade dos jogos em casa referentes à temporada 2010/2011 fora de portas. Inicialmente previa-se que teria de jogar fora do seu ambiente natural apenas uma partida, mas como todos sabem isso não viria a acontecer, adiando-se sucessivamente o seu regresso ao Estádio Municipal de Portimão. Na altura a direção do Portimonense podia ter pedido satisfações à Câmara Municipal de Portimão mas não o fez, talvez para não perder o seu apoio. O que ninguém pode negar é que o principal fator que fez com que o Portimonense regressasse ao segundo escalão foi precisamente o atraso na remodelação do estádio e nem uma reta final bastante positiva, sobretudo após a aposta em Carlos Azenha foi suficiente para inverter essa situação.

Ou seja, um fator totalmente alheio ao clube e que aparentemente não lhe diz respeito acabou por o prejudicar seriamente. Acredito que hoje, no momento em que Luís Carito se encontra a ser investigado com fortes indícios de ser um dos responsáveis por vários crimes graves, a direção do Portimonense deve contribuir para ajudar a PJ neste processo e assim afastar-se de qualquer tipo de situação que possa um dia mais tarde vir a colocar em causa o bom nome do Portimonense e a seu tempo, demonstrar o seu repúdio pelo comportamento de Luís Carito e seus pares, condenando veementemente o ocorrido, algo que o edil de Portimão também deve fazer. Talvez agora seja possível saber se todo este processo envolvendo o autarca socialista e seus pares possa ter sido a ou uma das causas para os sucessivos atrasos na conclusão da remodelação do Estádio Municipal de Portimão, fator que repito, contribuiu em larga escala para o Portimonense ter descido de divisão com todas as consequências nefastas em termos financeiros que decorreram dessa situação.