RIO AVE 2 - 0 PORTIMONENSE

Um espectáculo dividido que se tornou num monólogo. De qualidade, sublinhe-se. O Portimonense deu boa conta de si no primeiro tempo, desapareceu no segundo e caiu aos pés de um conjunto de actores de uma crença inabalável. Fica com o credo na boca a equipa algarvia, com um fosso de sete pontos para a zona de salvação. Tarefa hercúlea pela frente.

A primeira parte foi uma peça sem clímax. Momentos de fino recorte, actores empenhados e voluntariosos, espectáculo q.b. Passou-se o tempo todo a adivinhar um golo que nunca chegou. A antever um auge, um momento de glória, sumido por entre um erro de pormenor. E o mais belo é que não foi um monólogo, um festival a sós. Nos primeiros 45 minutos viu-se futebol dos dois lados.

Mais afoito o Rio Ave. Mais constante, empurrado por um público exigente, que suga até ao tutano os homens que, no final, idolatra. Mais matreiro o Portimonense. Ciente da situação delicada na tabela, Azenha optou por uma estratégia de contenção e contra-ataque. Parada e resposta. Ia resultando. Valeu Paulo Santos, por exemplo, a negar o golo a Candeias, ao minuto 23.

Ao intervalo, aceitava-se o desfecho, lamentava-se o que se tinha perdido. Prometera muito, um espectáculo a que faltavam os golos. Os adeptos só poderiam pedir isso para o segundo tempo. E não tiveram de esperar muito.

Num segundo bloco que foi a antítese do primeiro, adiantou-se o Rio Ave, na primeira oportunidade que o seu "matador", João Tomás, dispôs. Bruno Gama, que começava a ganhar protagonismo lançou o parceiro da frente. Ruben Fernandes foi traído pelo ressalto de bola, mas com João Tomás não há benesses. 1 - 0.

Onde te meteste, Portimonense?

O Portimonense acusou o golpe e saiu de cena. Acaba o jogo para os algarvios. Sem aplausos, sem flores. A equipa sobrevivera à lesão de André Vilas Boas ainda no primeiro tempo. Resistira às investidas caseiras e ainda mostrara alguma acutilância na frente. O que, obviamente, não chega para vencer. Como o golo sofrido, os algarvios deixaram de acreditar. Faltou a crença que o Rio Ave tem de sobra.

Que o diga Tiago Pinto. O lateral inventou a jogada do segundo golo, sustentando-se na fé de que nenhuma bola é perdida e apoiado pelos urros de glória a cada ressalto ganhou. Foram três. A seguir, foi tudo classe. Encarou André Pinto, foi à linha e cruzou à medida de Yazalde. O poste evitaria o golo. Por um segundo. Na recarga ficou a adivinhar-se o desfecho do espectáculo. 2 - 0.

Até a cortina descer houve, sobretudo, Bruno Gama. Não foi um one man show porque Vítor Gomes quis mostrar serviço no tempo que esteve em campo. As bancadas sublinharam o bom futebol do Rio Ave com "Olés". Tarantini não iludiu Ventura, que mais tarde o viria a derrubar num lance que pareceu de grande penalidade. Bruno Gama atirou ao poste. O gáudio da multidão não baixou. Grande segunda parte do Rio Ave. Público extasiado.

O Portimonense agoniza no último posto. Para se salvar precisa que Carlos Azenha encontre, rapidamente, o caminho para o pão do futebol: as vitórias. Até ao momento, ainda não sabe o que é vencer como treinador principal. Assim, não há manutenção possível.

Fonte: Maisfutebol